domingo, 16 de novembro de 2014

CCE EM RIO CLARO

Caros amigos, 

logo abaixo, meu relato em "real time", tipo de vídeo virtual Go Pro (feito sem câmera, só na imaginação...) do percurso de cross que Wolverine e eu fizemos no Clube dos Cavaleiros em Rio Claro - SP, em junho de 2014. Dentro do possível, técnica e emoção misturados na proporção certa!

Abraços a todos e boa leitura, 

Claudia.

Fotos: (C) Marco Lagazzi e Alisson Catulé

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Bem agora vou aproveitar o intervalo de almoço de segunda-feira para relatar o cross do Wolverine de ontem - enquanto o mesmo ainda está fresco em minha memória. Vai também como tipo de presente de aniversário para o Caio, que queria ter ido, para ajudá-lo a se preparar para a próxima.  

O cross de Rio Claro é único por estar localizado dentro de um bosque de eucaliptos. Não é possível galopar em velocidade salvo por trechos curtos, há bastante subidas e descidas, e as trilhas entre um obstáculo e outro nem sempre são evidentes. Mas é também muito charmoso, e a temperatura agradável. Na série 0,90, a minha, foram aprox. 1.400 m a serem percorridos em 3.12.



Da largada, um pequeno aclive em curva, com o número 01, uma vertical de troncos, surgindo depois da curva, é legal alertar o cavalo para confirmar o salto. O Wolve não tem nenhum problema com este, mas o Zac no ano passado deu um teco ali, talvez por desatenção ou alguma sombra de árvore atrapalhando; foi ali também que o Guega rodou na prova de cavalos novos ano passado (logo no número um!). A poucos metros, o número 02 em linha reta, uma positiva após uma depressão. O Wolve muito concentrado com o saltinho morro acima não olha para frente, e está em rota de colisão direta com uma árvore; resolvo não interferir para ele escolher o melhor jeito de desviar, e ele vai para o lado certo (esquerda), depois de longos segundos de eu pensando “ih, ferrou logo no segundo obstáculo”. “Desviando de árvores” já havia sido o tema deste cross no treino de véspera. Na sequência, um longo galope margeando o bosque e depois em curva à esquerda, começando uma descida até o 03, o primeiro salto maiorzinho da categoria, uma paralela de troncos cuja recepção é um pouco negativa. O salto não é problema, mas conforme o previsto, ele quer embalar na descida e tomar as rédeas, com o problema sendo que os saltos 04 e 05, paralela e vertical com três lances entre si ou quatro em curva, vêm logo na sequência. Por isso, dou uma BOA controlada na rédea, quase trotando, e só volto ao ritmo quando enxergo bem a linha reta entre os dois obstáculos. Considerando que ainda não tenho muito “controle fino” nestas horas, quatro lances em curva não é uma boa opção.



A linha aparece clarinha, e Wolve não liga a mínima para o fato dos dois saltos estarem enviesados. Um dois três já era, a dificuldade maior é novamente conseguir o controle e seguir para a esquerda, tudo isso acontece em descida e tendo que procurar a trilha entre eucaliptos. E na sequência já uma nova linha, a mais revisada e comentada entre os cavaleiros do 0,90.

É assim: de um  lado a cerca de outro o bosque de eucaliptos. Logo antes, obstáculos das outras séries que fazem impossível uma abordagem em linha reta vindo lá de trás - cada um tem que escolher seu próprio momento de fazer a diagonal entre as árvores para abordar o salto, que é uma vertical estreita de pneus, a três lances, se medidos reto, de uma vertical seca sobre uma valeta, que dá uma impressão de buraco. Só que - entre pneus e vertical há um grande eucalipto, a linha reta ideal representa um árvore no meio da testa, o que o Wolve tentou fazer (felizmente sem sucesso) durante o treino. Então surge uma curva, que resulta em quatro lances. No treino, eu e um monte de gente saltávamos os pneus e éramos defletidos da vertical pela árvore, resultando num desvio para a esquerda.

Mas durante um último reconhecimento a pé de manhã, acho que encontrei a resposta: abordar os pneus em diagonal de modo que a linha que aparece deixa a árvore à esquerda e a cerca à direita. Sobra um túnel de onde a única saída é saltar a vertical. Fácil, mas para isso ser possível a diagonal para os pneus fica tão curtinha que tem que ser - de novo - quase a trote.



Hmmm, a explicação ficou complicada ou quer que desenhe? Deu pra perceber que este era o obstáculo da prova, né? Enfim, consegui fazer o que me propus: abordar os pneus por fora num galopinho curto meio trotando, enxergar a lacuna entre eucalipto e cerca, e aí a vertical já chegou. Wolve continuava tão entusiasmado que nem ousei pensar em sugerir quatro lances, foi para três mesmo, a existência da valeta foi solemente ignorada, e minha única dificuldade foi conseguir fazer a curva.

Depois destas duas linhas muito técnicas, fiquei com a sensação de que já havia praticamente concluído a prova. Uma verticalzinha no começo do galope morro acima, depois uma curva tipo slalom entre árvores que cada um podia fazer onde queria para chegar no 09, uma porteirinha verde claro, estreita porém bem marcada, um bom salto tipo balãozinho para facilitar a curva  para uma longa linha 10 ABC e 11, descidas e subidas. A combinação do 10 é um tipo de sunken road com buraquinho na entrada, descida, positiva na subida, um lance e vertical de tronco. Para alguns cavalos o um lance talvez tenha ficado meio  longo, claro que para o Wolve não. Dá só um pouco de trabalho controlá-lo na longa descida para o 11, um murinho na subida, que ele quer muito ignorar e passa de qualquer jeito para entrar numa curva em U para o 12, a água que é apenas uma passagem, mas havia deixado-o bastante desconfiado no dia de ontem. O 13 é um bonito complexo de banqueta com buraco na saída, nada demais, mas bem marcado e gostoso de saltar (bom para tirar fotos também, pois o buraco faz o salto parecer maior do que é). 



Dali, para a última linha, 14 A e B, que tem que ser abordada em diagonal (trotando desviando de árvores...), negativa, um lance, positiva e depois três ou quatro lances para a vertical 15 à direita. Aqui os três teriam entrado fácil, mas desta vez preferi segurar para quatro para facilitar a curva para descer até o 16, um último oxer novamente ao pé do morro. Para achá-lo é preciso... achar uma trilha no meio dos eucaliptos. Dali, é só virar para a direita e galopar para a linha de chegada. Não sei se já mencionei que era preciso procurar o caminho no meio das árvores??



No todo, a sensação foi muito boa, mas neste estágio de nossa evolução, o treino de sábado foi fundamental para dar técnica e respostas para os testes feitos pelo percurso. No sábado, minha sensação era de que levaríamos uma advertência por equitação perigosa a qualquer momento, quicando morro abaixo e eu tentando retomar as rédeas, enquanto árvores mal-educadas se atiravam à nossa frente a toda hora.  Quer dizer, embora o “treino de véspera” não seja uma prática corrente em outros países, e nem em nossas categorias superiores, acho uma ótima ideia para todos que estão começando (pessoas e cavalos), retornando ao esporte, e/ou que têm pouca chance de treinar cross. Em que pese nosso calendário com tão poucas provas, e pouquíssimas pistas de cross em atividade no país, seja para treinamentos, seja para competição. Com certeza um dia quero chegar com o Wolve numa prova e pular tudo  sem reconhecimento prévio - mas por enquanto ainda não! Por ora cumpri minha meta, que era nossa estreia como conjunto no nível 0,90, sendo que é nosso 2º.  CCE juntos e apenas o 3º. da carreira dele (ele havia feito um anterior com o nosso amigo Rodrigo Bastos em 2011, e um só para reempistar comigo no nível 0,70, no último mês de março). E por isso nem me importei com o excesso de tempo de 40 segundos, decorrente com certeza dos muitos trotinhos e galopinhos. Meu ponto alto foram as duas linhas difíceis onde consegui manter o planejamento. O resto, velocidade inclusive, vem com o tempo...

Obrigada a todos pela torcida e pela leitura!

Abraços,

Claudia





2 comentários:

  1. Claudia, saudades! Espero que a gente se trombe lá na UNISO de novo. Bom, como eu comentei com você no ano passado, não sei se você se lembra, tive que parar de montar por causa de uma tendinite, então fiquei bem deprimido com essa situação, mas pra não deixar tudo isso me abalar pensei em fazer algo diferente e dividir os conhecimentos que tive no curso de Gestão em Equinocultura com as pessoas que estão comprando seu primeiro cavalo e entrando nesse mundo agora. Gostaria de deixar aqui o link do canal

    https://www.youtube.com/channel/UCRnWcFZJNbj1wVT_FAPYmnw

    Estou preparado para levar broncas e escutar suas sugestões, caso tenha interesse. Mande um abraço a todos da UC.

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